Após cem dias de funcionamento, o RegeneraRS já mobilizou mais de R$ 100 milhões para diferentes projetos voltados à reconstrução do Rio Grande do Sul, após a enchente de maio. O foco da iniciativa são projetos desenvolvidos em quatro áreas temáticas: habitação, soluções urbanas, educação e apoio a negócio.
O RegeneraRS atua, de certa forma, como uma ponte para viabilizar projetos que promovem a recuperação de áreas diretamente afetadas pela crise climática no Estado. Entre as ações já apoiadas pela iniciativa estão duas voltadas à educação. O Programa de Saúde Mental para Desenvolvimento Profissional Docente e uma parceria com a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul com o foco na rápida recuperação das atividades escolares.
O programa voltado aos professores surgiu em resposta ao aumento de problemas de saúde mental entre os educadores, agravados pela tragédia climática. Ele foi desenvolvido pela organização Reinventando a Educação e conta com o apoio do RegeneraRS para sua execução. A iniciativa, de caráter intersetorial e abrangente, visa promover o bem-estar mental dos profissionais da educação por meio de uma plataforma conversacional.
Já a ação com parceria da Seduc surgiu através do Movimento Brasil Competitivo (MBC) que contratou a consultoria Macroplan para ajudar o órgão a lidar com os desafios impostos pela crise climática. O projeto será implementado em três etapas: a fase emergencial, que visa ações imediatas como o apoio psicoemocional e a captação de recursos; a fase de volta à normalidade, com a criação de um escritório de projetos para garantir a retomada das atividades escolares; e a fase de construção do futuro, com o desenvolvimento de um plano de longo prazo para fortalecer a educação no estado.
Com recursos totalmente filantrópicos, ou seja, sem objetivo de retorno financeiro, essas duas ações já estão sendo desenvolvidas no RS. Através do intermédio do RegeneraRS, elas mobilizam R$ 945 mil.
Investimentos na ordem de R$ 8 milhões aprovados
O RegeneraRS tem como propósito ser um mobilizador de capital social e financeiro em prol da reconstrução e regeneração do Rio Grande do Sul. Ele surgiu como uma iniciativa idealizada pelo Instituto Helda Gerdau e Gerdau, com coordenação da Din4mo, parceria estratégica da Vale e apoio da Evolure e TozziniFreire.
— Capital filantrópico e emergencial são importantíssimos, mas são insuficientes para a reconstrução do RS. Então, a gente precisa atrair capital público, que se transforma em capital concessional, e atrair capital filantrópico, que vai se transformar em capital catalítico. Esses dois combinados vão atrair capital comercial, capital privado e, aí sim, a gente vai poder chegar em grandezas de escala de capital para esse evento sem precedentes que a gente teve no Brasil — explica Marcel Fukayama, co-fundador da Din4mo e gestor do RegeneraRS.
Como exemplo, ele menciona a criação do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) Juntos Pelo RS, de R$ 40 milhões, que conta com o apoio do BTG Pactual. O fundo surge com os aportes iniciais de R$ 3 milhões do RegeneraRS e R$ 5 milhões do BTG Pactual, que são a sua cota subordinada e atraem investidores comerciais.
— O fundo apoia, com crédito subsidiado, empresas que tiveram perdas patrimoniais, perdas de ativo produtivo, por conta da calamidade. Então, com R$ 3 milhões, a gente atrai outros milhões, chegando a um fundo de R$ 40 milhões para a concessão de crédito — detalha Fukayama.
Além da criação do fundo, o RegeneraRS está deliberando outro projeto para liberar recursos para reforma de casas com o governo estadual. A proposta é financiar a estruturação da operação, que deve destravar R$ 60 milhões de recursos públicos.
Somente com as duas ações, a iniciativa já atinge a marca de R$ 100 milhões mobilizados em prol da recuperação do RS. O objetivo é alcançar a marca de R$ 200 milhões, seja através de recursos filantrópicos, públicos ou comerciais.
Até o momento, apenas o projeto voltado ao setor produtivo possui retorno financeiro, os demais estão sendo totalmente viabilizados via capital filantrópico ou público. Esse é o caso do “Favela 3D”, da Gerando Falcões, que receberá R$ 1 milhão para promover a revitalização da Vila Costaneira, em Eldorado do Sul. A área, uma das mais afetadas pelas enchentes, será transformada por meio da construção de novas moradias e melhorias em infraestrutura básica, como saneamento e pavimentação.
Ao todo, o RegeneraRS já aprovou investimento de R$ 8 milhões em diferentes projetos, que possibilitaram alavancar ainda mais recursos para viabilizar as ações.
Projetos com o apoio da iniciativa
“Favela 3D”, da Gerando Falcões, que projeta a revitalização da Vila Costaneira, em Eldorado do Sul: R$ 1 milhão
Fundo de crédito com condições especiais para sustentar a recuperação de negócios afetados pelas enchentes: R$ 3 milhões
Parceria com o Sebrae no Programa Supera Sebrae, criado para ajudar micro e pequenas empresas do RS: R$ 2 milhões
Projeto 2 por 1, liderado pelo Sinduscon-RS, que tem como objetivo reconstruir lares para as famílias afetadas: R$ 1 milhão
Programa de Saúde Mental para Desenvolvimento Profissional Docente: R$ 445 mil
Apoio à Seduc na recuperação rápida das atividades escolares: R$ 500 mil