O que esperar do BNDES e sua “caixa-preta” sob o comando de Joaquim Levy

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ganhou hoje um novo presidente: o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.

A expectativa é de que a nova gestão traga mais transparência ao órgão. Poucas horas antes da posse de Levy, o presidente da República Jair Bolsonaro reforçou via Twitter que seu governo quer levantar a “caixa-preta” do banco, assim como de outros órgãos públicos.

A atuação do BNDES é criticada por oferecer crédito a grandes empresas, que poderiam conseguir o dinheiro junto a bancos tradicionais, e também pela falta de transparência de seus contratos. O banco pode devolver neste ano R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional. A instituição tem ainda uma dívida de R$ 260 bilhões para pagar ao Tesouro.

Para o economista Joelson Sampaio, coordenador do Curso de Economia da FGV, “é difícil dizer se de fato existe uma caixa-preta, mas sempre é possível ter mais transparência”.  “O BNDES não é uma empresa de capital aberto então não segue as regras da Bolsa de Valores. Acredito que Levy deve mudar as práticas do banco para aproximá-lo do que vemos em companhias com ações em bolsa”, afirma.

Durante a cerimônia de posse hoje, Levy afirmou que o BNDES vai combater o patrimonialismo e as distorções já verificadas. “Isso tem que mudar e continuar mudando, evitando o voluntarismo. A ferramenta para isso tem que ser a ética, a transparência, a responsabilidade e a responsabilização”, acrescentou.

Outra mudança esperada pelo mercado é que o banco dê mais atenção a linhas de crédito voltadas a setores e empresas que tenham dificuldade em conseguir dinheiro de outra maneira, em especial pequenas e médias empresas.

“O BNDES precisa evitar atender quem já tem acesso a crédito. Se é uma grande empresa, com acesso a crédito no exterior, porque atende-la com crédito subsidiado? Ele é um banco que deve atender quem tem dificuldade, assim como o Minha Casa, Minha Vida é voltado para a população de baixa renda”, afirma Sampaio da FGV.

Na visão do especialista, o banco também deve atuar para trazer investimentos estrangeiros a projetos de infraestrutura no Brasil. “Acredito que o BNDES deve atuar mais fortemente em projetos de infraestrutura, que é um setor que carece de financiamento. E pode inclusive atrair investidores estrangeiros para investir junto. Essa é uma forma interessante de financiamento que é muito pouco usada hoje”, afirma.

Currículo
Com experiência na administração pública, Levy foi ministro da Fazenda de janeiro a dezembro de 2015, no segundo mandato de Dilma Rousseff, com a promessa de realizar um ajuste fiscal para conter os gastos públicos.

Engenheiro naval de formação, Levy tem doutorado em economia da Universidade de Chicago (Estados Unidos), na qual também estudou Paulo Guedes. Joaquim Levy foi ainda secretário do Tesouro Nacional entre 2003 e 2006, durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi secretário adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, no ano 2000.

De 2010 e 2014, Levy foi diretor do Banco Bradesco. Para assumir a presidência do BNDES, Levy deixou a Diretoria Financeira do Banco Mundial.

Fonte: Agência Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *