‘Machucado’ e ‘no limite’: o desabafo do presidente da Petrobras a amigos

Jean Paul Prates está chateado. O presidente da Petrobras não tem feito questão de esconder o quanto se ressente por ter virado alvo preferencial de ataques do ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia.

Amigos do petista descrevem um executivo “machucado” e “irritado”. Uma pessoa próxima conta que, ao falar com Prates há poucos dias, ouviu um diagnóstico de que Silveira havia ultrapassado a barreira do razoável. O presidente da Petrobras disse estar cansado e próximo de seu limite, segundo relatos.

Mesmo entre os que apoiam Prates e confiam que ele não entregará facilmente os pontos, há um reconhecimento de que o clima mudou. Ele está desgastado e seus rivais não dão sinais de que pretendem retroceder.

Entenda o caso

Ao longo desta quinta-feira, uma mudança no comando na estatal começou a ser tratada como questão de tempo em Brasília. Até então, ainda que as desavenças fossem públicas, uma troca ainda era vista como uma possibilidade distante.

Há duas semanas, quando um boato sobre a demissão de Prates correu o mercado financeiro derrubando as ações da estatal, não tardou para que os dois lados jogassem água na fervura. Aliados tanto de Silveira quanto de Prates foram rápidos em negar o movimento.

Naquele dia, os dois estavam em Houston, participando de uma feira do setor de energia. Por mensagem, entre uma tarefa e outra, Prates rebatia as perguntas sobre sua saída, dizendo que era uma bobagem, um boato “infundado” e que estava imerso em compromissos da petroleira.

A pessoas próximas, no entanto, o executivo já vinha reconhecendo preocupação sobre o quanto a disputa constante com Silveira tinha potencial de chamuscá-lo com o presidente Lula. Silveira havia ganhado nos últimos tempos o reforço do ministro da Casa Civil, Rui Costa, em seu movimento para fustigar Prates.

No ano passado, o presidente da Petrobras chegou a tentar justamente que Rui o ajudasse a “segurar” o ímpeto de Silveira. Por mais de uma vez, procurou o chefe da Casa Civil reclamando de declarações do ministro de Minas e Energia. Costa deu de ombros.

Integrantes do governo reconhecem que Prates é preparado e tem uma trajetória consistente, mas lembram que ele é “cristão novo” no PT. Ele ingressou na legenda em 2013, depois de muitos anos no PDT. Foi senador entre 2019 e 2023, após “herdar” o mandato da então senadora Fátima Bezerra, que deixou o cargo para assumir como governadora do Rio Grande do Norte.

Lula não tem uma relação direta com ele como tinha com Sérgio Gabrielli, que comandou a petroleira de 2005 a 2012. Além disso, falta a Prates habilidade política, notam auxiliares de Lula. O presidente já havia indicado desconforto com tantas desavenças envolvendo a estatal seguirem virando notícia.

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