Quatro dos 10 melhores aeroportos do mundo são brasileiros, aponta consultoria internacional. Veja quais são eles

Se os passageiros que usam os terminais aéreos de São Paulo reclamam dos serviços oferecidos, já existem no Brasil aeroportos que integram os rankings dos melhores terminais do mundo, quando se fala em pontualidade e espaço para os passageiros.

A AirHelp, empresa de tecnologia que presta serviços jurídicos para passageiros que tiveram voos cancelados, atrasados ou superlotados, lista anualmente os melhores e piores aeroportos, comparando 4 mil terminais. Em 2023, quatro brasileiros apareceram entre os dez melhores do planeta, todos sob gestão privada.

Os brasileiros melhor classificados são Recife (PE), Brasília, Belém e Belo Horizonte. O ranking leva em conta fatores como pontualidade e feedback dos clientes sobre circulação, alimentação e opções de compras.

O levantamento mostrou que passageiros de grandes capitais pelo mundo, como Londres e Atlanta, também enfrentam serviços ruins em seus terminais. E mesmo unidades que receberam grandes investimentos continuam amargando posições ruins no ranking.

O aeroporto de Atlanta, nos Estados Unidos, ficou em 55º lugar, enquanto Heathrow, em Londres, ficou em 163º. Os nova-iorquinos JFK e La Guardia, que acaba de passar por uma reforma de US$ 8 bilhões, ficaram em 106º e 70º, respectivamente.

— A experiência de viagem não é responsabilidade exclusiva das companhias aéreas, mas também dos aeroportos — declarou Tomasz Pawliszyn, CEO da AirHelp.

O aeroporto do Recife foi concedido em março de 2019 e é administrado pela espanhola Aena, mesma que começou a operar Congonhas. O terminal é o mais movimentado do Nordeste, com 700 mil passageiros por mês. No ano passado, sua capacidade operacional foi ampliada em 60% e a área em 40%.

Em 2012, a Inframerica, da Corporación América Airports, uma das maiores operadoras do mundo, assumiu a administração do aeroporto de Brasília. Em 2014, ano de Copa do Mundo no Brasil, inaugurou os píeres Sul e Norte, e novas salas de embarque.

O terminal passou de 60 mil metros quadrados para 110 mil metros quadrados e a capacidade do pátio de aeronaves aumentou em 67%. Tem a maior capacidade de pista do país, podendo receber uma aeronave a cada 54 segundos, além de ser o único a operar pistas paralelas simultâneas e independentes.

A Norte da Amazônia Airports (NOA), concessionária formada por Socicam e Dix Empreendimentos, levou a concessão do terminal de Belém em 2022. Já estão em andamento obras de adequação de pistas do terminal e da estrutura viária no entorno, além de ampliação do terminal de passageiros. Belém vai sediar a COP 30, conferência anual das Nações Unidas sobre o clima, em 2025, e as obras serão antecipadas.

A BH Airport, concessionária do terminal da capital mineira desde 2014, é formada pela CCR e pela Zurich Airport, operador do Aeroporto de Zurich. Em dez anos, o terminal modernizou sua infraestrutura e funciona como um shopping, com mais de 90 operações comerciais. É o mais pontual das Américas e o quarto do mundo.

Concessões no país

Claudio Frischtak, fundador da consultoria Inter.B, avalia que os processos de concessão dos 58 aeroportos brasileiros foram, no geral, bem feitos, mas pontua que as falhas atuais não podem ser creditadas apenas à gestão dos terminais.

Decorrem de problemas que envolvem as concessionárias, as companhias aéreas e o setor público. As empresas de transporte aéreo, por exemplo, têm operado no limite, tanto em termos de pessoal quanto de equipamentos.

— A retomada da demanda de voos foi razoavelmente brusca após a pandemia e ainda está causando uma série de problemas para as empresas de aviação e para os aeroportos. Onde havia fragilidades em alguns desses aeroportos, esse processo se aguçou — disse Frischtak.

Por outro lado, o principal problema crônico dos aeroportos brasileiros está relacionado à mobilidade, seja para o acesso com carros ou transporte público. Globalmente, os aeroportos de Londres servem de exemplo, segundo o consultor, em termos de acesso. Já em termos tecnológicos, os aeroportos chineses são a referência, disse Frischtak.

Os próprios passageiros veem a qualidade dos serviços. O diretor financeiro Rafael Uesato, que viaja toda semana entre Brasília e São Paulo, avalia que, mesmo em momentos de pico, o terminal da capital federal costuma dar conta da demanda:

— O Aeroporto de Brasília tem uma questão que é a sua extensão, o que é um problema para quem tem dificuldade de mobilidade, mas ele é muito bem estruturado. Às quintas-feiras, quando o fluxo de pessoas é maior, ainda assim ele funciona bem. Às vezes acontece um pouquinho de fila ali nos raios x, mas, tirando isso, não tem grandes problemas.

*Guilherme Muniz, repórter da CBN São Paulo

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